Pensamentos de um ilhéu escritos de 2003 a 2010.
Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2005
Artesanato
Ao longo dos tempos o artesanato do Faial ganhou notoriedade e afirmou-se por si próprio, Destacando-se das restantes peças artesanais produzidas no arquipélago pela sua beleza e originalidade.
O bordado de palha, por exemplo, veio substituir o tradicional bordado feito de linha e algodão por aloiradas palhas de trigo aplicadas em tule preto ou branco. O esmero evidenciado na sua confecção torna-o extremamente atractivo e muito cobiçado, quer nos Açores, quer fora do arquipélago. Não há feira de artesanato em que os Açores estejam representados na qual não se encontrem os bordados de palha.
Data de meados do século passado, o aparecimento dos trabalhos em miolo de figueira, que são moldados por mãos pacientes. As miniaturas são réplicas perfeitas da vivência quotidiana das suas gentes e da terra. Só uma hábil perícia no manejo e uma sensibilidade extrema permitem criar as maravilhas que deslumbram toda a gente.
O osso de baleia marca também, indubitavelmente, o artesanato produzido no Faial. As histórias dos velhos baleeiros e da baleação ficam, assim, guardadas para as gerações futuras, quer em magníficas pinturas em dente de baleia, quer em baixos relevos feitos em osso do mesmo animal. Pena esta arte artesanal estar em vias de extinção por falta da matéria prima em virtude de já não se caçar baleias nos Açores.
Sábado, 26 de Fevereiro de 2005
XII Encontros filosóficos (2)
Transcrevo o programa dos XII Encontros filosóficos da Escola Secundária Manuel de Arriaga Horta, como tinha referenciado no meu post de 24/02.
Trata-se de uma iniciativa única na nossa RA e das poucas a nível do pais, onde a escola envolve todos os seus alunos e professores bem como a comunidade onde está inserida num programa pedagógico/cultural completo.
Está de parabéns a escola, os seus professores como também a comunidade faialense, um destaque muito especial para a comissão encarregada da sua realização e nesta em especial à Professora Maria do Céu Brito.
21/02
09.30 Exposição de fotografias Da imagem e do silencio Clube de filatelia da Escola secundária.
09.30 Workshop de cinema de animação pelo Dr Paulo Neves
17.30 Workshop de holografia pelo DR Pedro Pombo
21.00 Conferencia Os novos desafios da ciência e da tecnologia pelo Dr Pedro Pombo
22/02
14.30 - Acção prévia sobre identificação de cetáceos Pelos Dr Rui Prieto e Norberto Serpa
15.00 Ciência com consciência pelo Dr Rui Prieto
17.30 Workshop de holografia pelo Dr Pedro Pombo (dirigido a professores)
23/02
08.30 Workshop sobre identificação de cetáceos trabalho prático
09.00 Encontro informal com os alunos para falar Vulcanologia pelo Prof Dr Victor Hugo Forjaz
10.30 Viagem pelos vulcões do Faial pelo Prof Dr Victor Hugo Forjaz
14.30 Viagem numa floresta de sonho pelo Teatro Giz dirigida aos alunos do básico.
21.00 - Conferencia Vulcões e maremotos pelo Prof Dr Victor Hugo Forjaz.
24/02
14.30 A leitura e a arte de ser feliz pela escritora Luisa Dacosta ( encontro de professores de português)
14.30 Mega magia espectáculo dos alunos do 8 ano e dirigido a todos os alunos do básico.
19.00 Laboratórios abertos pelos alunos do Clube de ciencias e aberto a toda a comunidade.
25/02
09.30 A ética do aborto pelo Prof Dr Pedro Galvão
09.30 Laboratórios abertos o Jogo e a experimentação, dirigido aos alunos do 1º ciclo.
14.30 A lógica da ciência pelo Prof Dr Pedro Galvão
18.00 A Leitura e a arte de ser feliz pela escritora Luisa Dacosta
21.00 Conferencia Os açores no ano 2030 pelo Prof Dr António Brito
26/02
09.30 - O exercício e a educação para a saúde pelo Dr Themude Barata (dirigido aos professores de educação física e técnicos de saúde)
15.00 - Para quê proteger o mar pelo Prof Dr Frederico Cardigos
15.00 Concerto de musica popular pelo Victor Rui Dores e Carlos Alberto Moniz
21.00 Trio de Violino, Violoncelo e Piano oferecido pela Câmara Municipal da Horta e Amigos do Conservatório da Horta
03/03
19.00 Ciencia à colherada jantar organizado pelo 11B
19.30 Concerto Uma pitada de musica promovido pelo Conservatório Regional da Horta para os alunos do secundário.
20.00 Mega magia espectáculo de magia e malabarismos pelos alunos do 8ºC
21.00 Conferencia Uma colherada de ciência pelo Prof Dr Laborinho Lúcio Ministro da Republica
04/03
09.30 Lançamento do carimbo filatélico Toda a gente é pessoa pelo Clube filatélico da Escola secundária.
11.00 Conferencia Toda a gente é gente pelo Prof Dr Laborinho Lúcio Ministro da Republica, para todos os alunos do secundário
21.00 Ambiente sustentabilidade e cidadania pelo Dr Mário Soares, sendo moderador o Prof Dr Ricardo Serrão Santos.
05/03
11.00 O lugar dos jovens: Direitos, participação e cidadania pelo Dr Mário Soares.
Quinta-feira, 24 de Fevereiro de 2005
XII Encontros filosóficos (1)
Iniciaram-se na cidade da Horta os encontros que esta iniciativa cultural desenvolve, a iniciativa partiu de um grupo de professores da escola Secundária Manuel de Arriaga onde se envolvem os alunos, professores daquele estabelecimento de ensino e a população local.
No próximo post divulgarei o programa bem como a importância desta iniciativa impar não só para os jovens como para a Horta.
Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2005
A vitória
O resultado eleitoral final ultrapassou as minhas expectativas expressas no post anterior e confirmou que o povo português soube castigar aqueles que o desgovernaram durante estes últimos anos.
Será preciso mais alguma confirmação publica para a condenação majoritária de frases como eles estão de volta ou as acusações a António Guterres?
Os portugueses votaram na mudança e na esperança, espero que se saiba corresponder com competência.
Domingo, 20 de Fevereiro de 2005
O dia da verdade
Chegou finalmente o dia onde serão tiradas todas as duvidas pelo voto dos portugueses e onde se verificará pela confirmação os resultados as sondagens feitas.
Não tenho duvidas de quem será o vencedor e também acredito que terá maioria absoluta, mas aguardemos mais umas horas.
Sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2005
Eleições
Esta a terminar mais uma campanha eleitoral, com o seu folclore e promessas, já domingo teremos mais um dia de votos, estes para a Assembleia da Republica.
Como simples eleitor na RA analisei no desenrolar da campanha, o rigor e o cuidado do PS, em contra ponto com o PSD, pela primeira vez descuidado e sem um fio condutor.
Relativamente aos restantes partidos realço o trabalho honesto e limpo do cabeça de lista do CDS/PP, a falta de carisma do cabeça de lista da CDU e o modo criativo de fazer politica do BE.
Tudo indica o vencedor antecipado destas eleições nacionais, ficando apenas em suspence se o PS consegue ou não a maioria absoluta.
Amanhã descansamos de todo este ruído, no domingo serenamente irei cumprir o meu dever cívico de votar conscientemente.
Quarta-feira, 16 de Fevereiro de 2005
Desemprego a 3%
Os Açores continuam a ter os mais baixos níveis de desemprego com 3,0 %. Foram criados na Região postos de trabalho acima das expectativas, tendo em conta, que em oito anos surgiram mais 15 mil empregos.
Os dados do plano regional de emprego iniciado em 1998 despertou a atenção da Comissão Europeia. Rui Bettencourt, Director Regional do Emprego, em Bruxelas explicou em relatório as estratégias aplicadas de combate ao desemprego nos Açores.
Neste sentido os Açores demarcam-se a nível nacional, tendo em conta, os dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
A taxa de desemprego em Portugal aumentou, no quarto trimestre de 2004, para 7,1%, o valor mais elevado em seis anos. Face a igual período de 2003, a taxa de desemprego aumentou 0,6 pontos percentuais, registando o máximo desde 1998, altura em que teve início a actual série estatística.
Portugal tinha no final do ano passado 390 mil indivíduos desempregados, ou seja, mais 9,6% do que em igual período de 2003.
Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2005
A política é uma actividade nobre
Do meu amigo José Gabriel Ávila transcrevo o texto abaixo publicado no Diário dos Açores, por partilhar o principio de que a política é uma actividade nobre e imprescindível a qualquer sociedade humana e que neste período de campanha eleitoral mais deverá ser reforçada a sua importância.
De há uns tempos a esta parte, vimos assistindo à tentativa, aliás conseguida, da formação de uma forte corrente junto da opinião pública, da ideia de que a política é uma actividade vil, desprestigiante, menor, e que os seus agentes são pessoas sem princípios, injustas, interesseiras e, porventura, corruptas.
Estas mensagens têm tido bastante vencimento de tal modo que ao aproximar-se qualquer acto eleitoral há cada vez mais gente a manifestar-se contra o exercício desse direito e dever, fazendo passar o desejo generalizado da abstenção.
São procedimentos tão condenáveis agora, que vivemos num regime democrático conquistado há trinta anos, como o eram no tempo do fascismo, quando o poder ditatorial frisava que o povo não estava preparado para votar.
É verdade que a democracia não é um sistema político perfeito, mas é o melhor de todos os regimes conhecidos porque salvaguarda a livre vontade dos cidadãos na escolha do regime e na designação dos governantes (Concílio Vaticano II, G.S. nº 74).
Muitos dos que hoje sub-repticiamente passam as ideias acima expressas, não prezam os valores da liberdade e da justiça, os direitos da pessoa humana e a livre manifestação das opções políticas de cada um.
Outros, servidores de grandes interesses económicos, tornaram-se arautos de uma alegada estabilidade social, que não é mais do que a defesa de um status quo, em que a economia e o estado estejam ao serviço do capital e de uns poucos e não da maioria dos cidadãos, nomeadamente dos mais fracos.
Interesses inconfessáveis movem esses agentes de um capitalismo selvagem que, pontualmente, e por alturas de actos eleitorais, se reúnem e encostam a lideranças partidárias, não para buscarem e promoverem o bem comum, mas para acautelarem os seus vis interesses e lucros.
Importa que cada vez mais os agentes políticos saibam discernir quem está com quem e por quê e quais as medidas que, num determinado momento, melhor respondem aos anseios e dificuldades dos eleitores.
Sábado, 12 de Fevereiro de 2005
Biblioteca Pública e Arquivo Regional da Horta.
Cerca de 4,5 milhões de euros é quanto vai custar a segunda fase da obra de remodelação e ampliação da Casa Bensaúde, destinada à instalação da Biblioteca Pública e Arquivo Regional da Horta.
A assinatura do auto de consignação desta empreitada, com um prazo de execução de 30 meses, terá lugar no dia 15 próximo, pelas 17:30 horas, na Casa Bensaúde, numa cerimónia presidida pelo presidente do Governo Regional, Carlos César.
Esta obra é cofinanciada por fundos comunitários, através do programa PRODESA, tendo merecido a respectiva candidatura a aprovação de uma comparticipação de 4,2 milhões de euros.
Numa primeira fase, a denominada Casa Bensáude, sita à Rua Walter Bensaúde, na cidade da Horta, foi objecto de obras estruturais de consolidação do edifício já depois do sismo de 98.
Se é certo que se trata de uma obra que se apresentava com alguma urgência, compreende-se que o GRA tenha dado prioridade à reconstrução do parque habitacional ( mais de 1500 habitações, hoje praticamente todas reconstruídas) destruído pelo sismo de 9 de Junho de 1998.
Quinta-feira, 10 de Fevereiro de 2005
Evolução positiva
Os Açores mantiveram e reforçaram, a tendência positiva da evolução das suas finanças públicas, destacando a circunstância de terem sido a única região do País que, pelo segundo ano consecutivo, cumpriu e superou as metas definidas no Pacto de Estabilidade e Crescimento, atingindo a verdadeira estabilidade orçamental, com défice zero e, consequentemente, sem recurso ao endividamento.
A execução de uma política de rigor nas contas públicas e a estabilidade orçamental daí resultante não significa crise económica e social e recessão, conforme alguns pretendem fazer crer. Pelo contrário, estimula o crescimento económico e reforça a coesão social, promovendo estabilidade e convergência.
É uma grande lição que a Região Autónoma dos Açores dá ao resto do País, contribuindo, de forma decisiva, com a parte que lhe cabe, para a consolidação das contas públicas nacionais.
Sérgio Ávila vice-presidente do GRA aproveitou, ainda, a ocasião para reafirmar a continuidade dos objectivos estruturais da actuação política do Governo Regional dos Açores, que são o rigor das contas, a estabilidade orçamental, o cumprimento integral do Pacto de Estabilidade e Crescimento, a manutenção de um défice zero, a consolidação da autonomia financeira da Administração Regional e o crescimento do investimento público.
Terça-feira, 8 de Fevereiro de 2005
Os CTT
O presidente dos CTT considerou que as adaptações efectuadas desde 2003 nos sistemas de atendimento e de distribuição de correspondência nos Açores permitiram à empresa cumprir os padrões de qualidade e rapidez dos seus serviços nas ilhas.
Voltou, porém, a responsabilizar as companhias aéreas por atrasos na entrega de correspondência, devido a alterações de horários e a cancelamentos de voos!!!
Por ser de conhecimento de toda a população o mau serviço prestado actualmente, tendo como comparação o prestado pela mesma companhia há poucos anos atrás, o Governo dos Açores solicitou a intervenção da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) para que sejam assegurados no arquipélago "melhores padrões de qualidade" no serviço de distribuição de correio.
Carlos Horta e Costa adiantou em Ponta Delgada já ter respondido à carta do Secretário Regional da Habitação e Equipamentos e à Anacom, onde aponta para a existência de "factores exógenos" mas não reconheceu que o erro está na restruturação que a empresa encetou nos Açores
Reconhecer um erro só dignificaria a empresa CTT, mas fazer o que o presidente dos CTT veio fazer à Região é pouco dignificante para ele e para a empresa publica que ocasionalmente dirige.
Domingo, 6 de Fevereiro de 2005
Carnaval popular
Durante quatro dias, alguns duas mil pessoas vão exibir-se nos palcos das casas do povo e sociedades recreativas e culturais de toda a Ilha Terceira.
Trata-se do verdadeiro teatro popular de rua , talvez um dos últimos lugares em Portugal onde existe ainda esta tradição.
O entusiasmo ainda hoje vivido em volta desta maneira de fazer teatro popular é digna de se referenciar, porque nas outras ilhas da Região esta tradição já não tem expressão.
Para este ano, os autores dos "enredos" (argumentos), escolheram títulos para as "peças" como "Bate Papo - uma casa de alterne", "A mafia está em todo o lado", "As térmitas na Terceira", "Quintas das Celebridades" e "Operação Triunfo nos Açores". Outros enredos abordam temas como o património, a política e o ambiente, enquanto que, para este Carnaval, apenas uma dança explora motivos históricos para falar de Vasco da Gama.
Com um custo que varia entre os 1.500 e os 5 mil euros, as danças recebem um apoio da Direcção Regional da Cultura, de acordo com o número de participantes e trajes usados.
Sexta-feira, 4 de Fevereiro de 2005
O debate
Criou-se um clima de expectativa excessivo em volta do debate entre os dois candidatos principais às eleições legislativas, apenas compreensível pela necessidade do candidato do PSD obter uma vitória clara sobre o seu adversário político.
Mas com o figurino aprovado para o programa televisivo, onde o esclarecimento teve a primazia em vez da confrontação verbal e irracional, a vitória por KO não existe, isto conduziu a um empate técnico no campo do esclarecimento político.
O que me deu pena foi ver comentadores, jornalistas, políticos e responsáveis manifestarem pena pela falta de confrontação verbal, quando com aquele novo modelo caminhamos no caminho certo de uma sociedade civilizada onde o debate serve para esclarecimento das políticas que se pretendem realizar e se destina unicamente a um universo que é o dos eleitores, onde os jornalistas intervenientes apenas formulam perguntas sem considerações, pois os actores desse programa são apenas os dois políticos e o assunto: os seus programas eleitorais.
Quarta-feira, 2 de Fevereiro de 2005
O corporativismo
A sociedade portuguesa continua com um forte sentido corporativo, é ver-se neste período de pré campanha a intervenção das diferentes corporações para melhor se posicionarem nas reivindicações a apresentarem ao novo governo, tal situação não é de admirar pois nasceu na nossa Idade Média e dura, por incrível que pareça, até hoje.
Esta vivência social traduz a urgência de se progredir para a modernidade e é actualmente um dos maiores obstáculos à implementação de políticas económicas e mesmo sociais capazes de guindarem o pais para fora da crise onde teimosamente permanece.
Só um governo forte terá alguma possibilidade de quebrar com o passado para se poder construir um outro futuro.
Na história tudo tem o seu tempo.