Pensamentos de um ilhéu escritos de 2003 a 2010.
Domingo, 31 de Outubro de 2004
O dia das Bruxas
Passou já a ser moda entre nós, na noite de hoje é ver as nossas crianças fantasiadas de bruxas pelas ruas visitando os vizinhos em busca de uns doces.
Mas como nestas coisas a moda é importante, as discotecas fazem das bruxas também uma noite de negócio, desta vez para os mais crescidos.
Importamos uma brincadeira que não se encontra qualquer referencia dela nas nossas tradições nem corresponde a qualquer atitude natural do povo destas ilhas, mas que todo o mal seja brincar a uma noite das bruxas.
E... vivam as bruxas.
Sexta-feira, 29 de Outubro de 2004
O incentivo
Este é o novo jornal diário do Faial e Pico que nasceu das cinzas do Telegrafo, feito pela mesma redacção mas com um novo e moderno aspecto gráfico.
Mas mais do que o seu aspecto deverá ser o seu conteúdo a diferencia-lo e a credebiliza-lo perante o publico.
Espero que continue na linha dos primeiros números e que acima de tudo seja um espaço de liberdade de opinião, independência e empenho nos assuntos relativos ás ilhas a quem se dedica graficamente no seu cimo jornal diário do Faial e Pico
À sua administração e director os maiores êxitos.
Quarta-feira, 27 de Outubro de 2004
No rescaldo das eleições
Já comentei em tempo o resultado das eleições, mas hoje retomo o tema depois de ler a maioria dos comentadores regionais.
Nestas eleições há dois vencedores um o PS indiscutível, outro o PP que indo sozinho as urnas teria o mesmo caminho do que a CDU e que pela coligação Açores mantém os seus dois deputados, esta a razão da gestão do silencia de Alvarino Pinheiro e do PP neste rescaldo eleitoral.
Quase todos os comentadores manifestam preocupação pela bipolarização da vida regional, mas tal fenómeno não é novo na RA e é resultado da actual lei eleitoral.
Aguardo para ver em futuro próximo:
1. O novo Governo Regional.
2. Nos próximos seis meses a proposta de alteração à lei eleitoral para a ALRA, obrigatória pela revisão constitucional ultima, porque em trinta anos nunca foi possível qualquer consenso.
3. O cumprimento pelo Governo da Republica das promessas que veio eleitoralmente anunciar aos Açores.
4. As novas lideranças do PSD e PCP
Segunda-feira, 25 de Outubro de 2004
Vírus
Depois de anos com cuidados, eis que fiquei virado pela primeira vez, mau grado o meu antivírus e firewall actualizados continuarem a dizer que me encontrava limpo daquelas pragas.
Solução ultima e que resulta sempre, formatar o disco perdendo-se sempre algum software, trabalho e tempo.
Retomo assim depois de limpo o meu blog
Quarta-feira, 20 de Outubro de 2004
Futebol
Assistimos nos últimos dias a um espectáculo verdadeiramente lamentável com acusações entre os dirigentes do Futebol Clube do Porto e Benfica que atingiram as raias do escândalo.
O futebol é um jogo de paixões, por isso cabe aos verdadeiros dirigentes tudo fazerem para evitarem que as mesmas atingirem as proporções descontroláveis.
Não sendo um especialista mas um desportista de bancada, desde sempre considerei o arbitro como elemento do jogo com direito a errar como qualquer outro jogador em campo, é esta situação que para mim torna o espectáculo futebol aliciante por imprevisível, o arbitro errou, concordo, mas se os jogadores tivessem marcado golos e não falhado tantas vezes, alguém daria pelos erros.
No futebol como em quase tudo em Portugal nunca somos nós que temos a culpa, arranjamos sempre alguém, é isto que nos continua a fazer pequenos no mundo do futebol que é apenas mais um jogo e só isso.
Segunda-feira, 18 de Outubro de 2004
Regionais 2004 (09)
Finalmente chegou o dia da verdade e como esperava o resultado foi favorável ao actual governo regional por uma margem que essa sim não esperava tão grande.
Pode-se dizer muitas coisas para justificarem o êxito ou o fracasso nesta campanha eleitoral, mas uma coisa posso desde já referir, tal como o afirmei em outros posts anteriores sobre o tema:
A coligação Açores (PSD/PP) entrou muito cedo em clima de campanha, porque tal como já o afirmei, os tempo políticos são diferentes entre o governo e a oposição, usou uma linguagem acusatória desligada do sentimento que o povo açoriano tem pelos seus governantes, sejam eles quais forem e cometeu o erro da invasão despropositada de ministros da Republica à RA, não só desenquadrados das realidades regionais, como e principalmente por nada trazerem à Região para alem de propagando eleitoral o que transmitiu uma imagem de falta de capacidade política ao seu líder Vítor Cruz.
Quanto ao PS e a Carlos César fez uma campanha inteligente, não cometeu erros, soube transmitir uma imagem de um político com obra feita, dando ao eleitor a segurança para a continuidade no desenvolvimento regional. A sua vitória é totalmente justa.
A CDU de Decq Mota cometeu dois erros políticos graves, o primeiro de avaliação na sua vitória em 2000, onde o voto foi de protesto e não por convicção, o que deveria ter motivado cuidados especiais na sua acção política, o segundo foi na utilização duma linguagem operaria num região estruturalmente conservadora e agraria. Desde muito cedo não previa, pelas razões anteriores e por não ver qualquer alteração na sua acção política, qualquer possibilidade de êxito eleitoral.
Quanto aos restantes partidos não tiveram qualquer expressão quer eleitoral ou política.
Mais uma vez os estudos de opinião quando feitos por entidades credíveis apresentam resultados muito próximos da realidade, agora aquele apresentado pela coligação Açores dá agora para rir.
Domingo, 17 de Outubro de 2004
Paragem
Durante os últimos dias em que a campanha eleitoral regional decorreu, achei por bem para não transmitir as emoções partidárias próprias, dar uma paragem no "Fayal.
Porque hoje é dia de eleições regresso amanhã com uma analise aos resultados eleitorais.
Segunda-feira, 11 de Outubro de 2004
O Primeiro Ministro
Estamos perante um Primeiro Ministro e um governo que é difícil de compreender:
- Primeiro vem aos Açores a um comício partidário e anuncia nele as linhas fundamentais do orçamento do estado.
- Depois faz uma comunicação ao país para falar também do orçamento do estado
Tudo isto antes da sua entrega na Assembleia da Republica.
Mas há mais, todos sabemos por informações publicas dos principais responsáveis das instituições de credito nacionais, como dos institutos da especialidade mundiais que o pais não esta ainda em condições para facilitismos ou baixa demagógica de impostos, eis que o governo baixa os impostos, aumenta os vencimentos e reformas e abre uma janela de facilidades contra todos especialistas económicos, em plena campanha eleitoral regional e na entrada de um período de várias eleições no todo nacional.
Todo a comunicação do Primeiro Ministro é a mais extraordinária definição de populismo, merecedora de figurar em qualquer manual da especialidade.
Sexta-feira, 8 de Outubro de 2004
O Professor
Estamos em nova crise política. Esta criada e gerida pelo PSD, apesar de todos os partidos políticos e comunicação social amplificarem-na até ao absurdo.
A tendência do PSD onde o Professor Marcelo se inclui e onde o candidato às presidenciais é Cavaco Silva, apercebeu-se do perigo que corre com Santana Lopes no governo, por aquele alterar a seu favor as estruturas que conduzem ao poder ao mesmo tempo que se fortifica mais à direita (PP), quando agora surge Socrates ocupando e consolidando o centro esquerdo.
Para este grupo do PSD começa a ser necessário eleições, para não se verem definitivamente afastados do poder e isso só é possível se o governo entrar em tal instabilidade que leve o Presidente da Republica a dissolver a Assembleia e para tal o tempo urge.
O Professor Marcelo conhecendo o perfil psicológico de Santana Lopes sabia que criticando o governo nas suas crónicas dominicais, mais dia menos dias este cometeria o erro de o atacar e assim iniciar estrategicamente a queda do governo, agora é só gerir o silencio, porque a floresta já arde.
Santana Lopes tem a oportunidade de mostrar a sua capacidade para sair desta cilada política montada pelo Professor, está em jogo a sua sobrevivência política e a de Paulo Portas.
O resultado é ainda uma incógnita.
Quinta-feira, 7 de Outubro de 2004
Regionais 2004 (08)
Segue dentro da normalidade a campanha eleitoral para as eleições regionais do dia 17.
Gostaria hoje apenas de referir a alteração no discurso do candidato Vítor Crus da coligação PSD/PP, começando-se a demarcar, ainda que lentamente, do Governo da Republica, foi um erro estratégico, que apenas perca por tardio.
Carlos César e o PS tem estado a fazer uma campanha muito inteligente e até à data sem erros.
A CDU e Decq Mota continuam a realizar uma campanha sem alteração de discurso onde a mensagem se perde por repetida.
As restantes forças políticas incluindo o Bloco de Esquerda continuam sem qualquer expressão.
Terça-feira, 5 de Outubro de 2004
A Republica
De novo lembramos a implantação da Republica, regime político que apesar dos seus defeitos é aquele que traduz a modernidade implantada com a revolução francesa.
Sou republicano por convicção, e neste ano desejo lembrar Manuel de Arriaga, o nosso 1º Presidente, natural da Horta onde o avô veio para esta ilha nomeado cônsul da França.
A Associação dos antigos alunos do Liceu da Horta hoje denominado Manuel de Arriaga e as autoridades locais movimentaram-se junto da Republica para a transladação dos restos mortais para o Panteão Nacional, tendo o mesmo sido efectuado há dias, esta pequena cidade lembra-o numa praça com a sua estátua, apenas existindo o negativo de a casa onde nasceu estar em ruínas, aguardando-se a sua aquisição pelo Governo Regional para a transformação em casa museu.
Segunda-feira, 4 de Outubro de 2004
Regionais 2004 (07)
Chegou o inicio da campanha eleitoral para as eleições Regionais das RA, Vou referenciar neste período apenas os acontecimentos significativos que no meu entender posam clarificar a decisão dos eleitores.
No primeiro dia 03/10/2004, não houve novidades dentro do ritual das campanhas:
- O PS fez uma festa nos Flamengos com a presença dos candidatos pelo Faial e Carlos César.
- A CDU realizou em autocarro com José Decq Mota a visita as obras não realizadas pelo Governo no Faial.
- O PSD na Terceira com a presença do Professor Marcelo (continuo com saudades dos anteriores dirigentes que sempre se opuseram a esta subvalorização dos nossos valores) dos candidatos pela Ilha e Vítor Cruz.
- O BE foi ao Teatro Micaelenses grande de mais para a sua realidade política na Região.
Enfim foi o inicio de um período de muita promessa onde já poucos acreditam.
Domingo, 3 de Outubro de 2004
O PS de Socrates
O PS com a eleição do seu secretário Geral em directas e a existência de três listas, com eleição do eng. José Socrates alcançou junto da sociedade portuguesa de novo o capital de esperança que todos estavam longe de pensar.
É evidente que para conseguir este resultado tem de se ter em conta a governação do actual governo de coligação, como da constatação que apesar de todas as acusações do Governo de Durão Barroso ao estado do País, este não apresenta qualquer melhoria económica em especial ao tão falado e quase obsessivo défice.
O PS antevê já fortes possibilidades de voltar ao Governo, e neste congresso conseguiu o homem exacto para esse objectivo, aguardo agora o seu trabalho futuro, quanto a Manuel Alegre ele representa apenas a geração que teorizou a esquerda democrática e o 25 de Abril, mas que foi ultrapassada pela fenómeno da globalização social das sociedades e das suas ideologias e para pena minha são hoje apenas o passado que muito respeito, admiro e em que participei activamente.
Sábado, 2 de Outubro de 2004
Regionais 2004 (06)
Finalmente um frente a frente entre os dois principais candidatos dirão alguns, para mim este tipo de campanha que pode ter tido algum sucesso anos a traz, hoje em dia encontra-se esgotado nos moldes em que tem sido levado a cabo, por falta de espirito criativo dos diferentes realizadores e pela não autorização dos participantes.
Veja-se o realizado na campanha americana que apesar de dar a vitória ao candidato democrático, dificilmente alterará o sentido do voto segundo a maioria dos observadores.
Mas vamos ao debate, numa analise rápida Vítor Cruz foi mais acutilante e tentou colocar o adversário em dificuldades o que conseguiu algumas vezes, Carlos César por seu lado começou bem mas em vez de manter o ritmo perdeu-se para explicações que neste tipo de debate não são importantes.
Numa palavra Vítor Cruz apresentou-se descomprometido com a governação e por tal motivo mais frontal e aguerrido, mas sempre sem um projecto político claro e de rápida apreensão.
Carlos César foi na maior parte do debate seguro, não mostrando sinais de fraqueza, mas cometeu o erro normal de quem tem a responsabilidade governativa que é nos ataques do adversário na oposição tentar justificar as suas anteriores políticas.
Resultado final Vítor Cruz preparou bem o debate, César não mostrou ainda sinais de perdedor mas dificilmente terá possibilidades em próximas eleições regionais, nestas joga a seu favor o seu carisma de Presidente e o trabalho realizado na Região.
Se o debate fosse um encontro de futebol diria que a coligação ganhou por 2 1.
Para confirmar a importância que dou a este tipo de programa televisivo junto da população, aguardemos pelos resultados nas urnas..