Pensamentos de um ilhéu escritos de 2003 a 2010.
Segunda-feira, 28 de Junho de 2004
À Presidência da Comissão
Quando o País pensava que esta maioria de direita iria durar até ao fim da Legislatura, eis quando todos fomos confrontados com mais uma fuga dum primeiro ministro mas esta para a Presidência da Comissão Europeia.
Se o lugar é prestigioso para a personalidade em causa, para o país não tem a relevância que agora se pretende dar, como historicamente também se verifica.
Depois das Eleições para o Parlamento Europeu ficou claro para os portugueses que a política desenvolvida por este Governo conduziu o mesmo a uma situação de impossibilidade de renovação, o ciclo Durão Barroso caminhava rapidamente para o fim.
Esta mesma precessão tinha tido Guterres quando depois das Eleições Autárquicas pediu a demissão, apenas há a registar que o ciclo Durão teve apenas 2 anos de vida.
E agora?
Temos sido confrontados com comentários políticos, de personalidades quase sempre comutadas com a actual maioria, com um cenário de uma nova indicação pelo Presidente da Republica dum Primeiro Ministro da maioria.
Tal situação poderá ter cobertura constitucional, mas apresenta riscos de criar no país uma situação de crise que se arrastará até ao fim da Legislatura, com um governo sem capacidade política, nem aceitação social, veja-se os resultados eleitorais recentes e todas as sondagens de opinião, para continuar as políticas desenvolvidas.
Resta-nos eleições antecipadas que de todos os cenários é aquele que apenas se arrastará por meses, podendo até juntarem-se as eleições para a Assembleia da Republica com as Regionais a serem realizadas em Outubro.
Mas a decisão è do Senhor Presidente da Republica, aguardemo-la.
Sexta-feira, 25 de Junho de 2004
Aproveitamento do Euro
O euro 2004 representa já neste momento um grande êxito quer no campo desportivo quer no organizacional, pelo que deverá ser para todos os portugueses um motivo de grande satisfação.
Como já tinha manifestado em anterior post do dia 20 de Junho, não posso deixar de voltar a manifestar a minha total discordância desta vez com os sindicatos pela marcação de greves para os dias em que se realizam jogos das meias finais e final.
As lutas sindicais tem de ser compreendidas pela população para serem legitimadas, agora fazer-se uma greve apenas por oportunismo de uma situação nacional de grande relevancia para a população portuguesa, é inaceitável sindicalmente, como leva unicamente ao desprestigio das instituições que as promovem.
Já não estamos no século XIX, nem nos períodos revolucionários do século XX, hoje a realidade política, social e sindical é tão diversa, que estamos a desbaratar oportunisticamente aquilo que deveria ser a reserva para situações de grande relevância sindical.
Terça-feira, 22 de Junho de 2004
A vinha do Pico
Existem fortes probabilidades da candidatura da vinha do Pico ser finalmente classificada como património cultural da humanidade. A entidade consultora da UNESCO já emitiu parecer favorável.
Depois do chumbo verificado no ano passado, a candidatura foi reformulada, passando a ser uma mistura de natural e cultural; contudo, agora foi apenas candidatada à parte cultural. Foi também alargada a área a classificar que passou a ser de quase 1000 hectares.
Trata-se do reconhecimento de um trabalho extraordinário de vontade e sacrifício num terreno coberto de lava onde se criaram pequenas divisões de pedra basaltica para a protecção das vinhas acossadas pelos ventos marítimos, onde ou se partia a lava em busca de terreno arável sob a mesma para lá plantar a vide ou se transportava aquele de outra zona da ilha para a plantação.
Só um povo pobre sem outras alternativas se poderia dedicar a tamanho trabalho para um tão baixo rendimento, por isso a justeza do reconhecimento de património cultural da humanidade aos nossos antepassados daquela zona da Ilha do Pico.
Domingo, 20 de Junho de 2004
Protagonismos
O ministro-adjunto do primeiro-ministro, José Luis Arnaut, atribuiu, esta sexta-feira, a «necessidades de protagonismo» a queixa apresentada pelo Ministério Público (MP) junto do Tribunal Administrativo e Fiscal contra a Sociedade Euro´2004, Instituto Nacional do Desporto, Benfica, Sporting, FC Porto, Boavista e Guimarães, por alegadas irregularidades nos contratos de financiamento dos estádios para receber o Campeonato Europeu de Futebol.
In: Diário Digital
Ao ler a noticia acima fiquei impressionado não pelo assunto da mesma, mas pela falta de sentido de oportunidade, respeito pelo sentimento de portugalidade do povo português e acima de tudo falta de sentido de Estado.
Apresentar naquele dia a queixa julgada pelo Ministério Público (MP) necessária, quando o poderia ser depois de terminado o Campeonato , quando estão entre nos centenas de jornalistas estrangeiros e sobre nos estão os olhos do mundo, quando todos estão a desenvolver um trabalho elogiado mundialmente é no mínimo «necessidades de protagonismo» como disse o ministro-adjunto do primeiro-ministro.
E mais não digo até ao fim do Euro 2004 e que ganhe Portugal.
Quinta-feira, 17 de Junho de 2004
O Europeu 2004
Estamos a viver o Europeu de futebol com excessivo empenho. Não vou aqui falar da nossa equipa ou dos seus jogadores, mas sim do entusiasmo colectivo por Portugal.
Apesar do clima depressivo existente, os portugueses nunca se sentiram tão identificados com o seu País, é ver-se a nossa bandeira em tudo o que é sitio.
Para mim esta é a grande vitória do futebol e deste Europeu 2004, nunca como agora a nossa bandeira teve um tão grande significado como elemento agregador, nem nunca ela foi tão popular.
Saibamos encarar o futebol como um jogo, onde alguém tem de ganhar ou perder e na lógica do jogo ele acaba no apito final do arbitro.
O importante foi o trabalho desenvolvido e o modo como a realização dos eventos desportivos actualmente decorre, factos que enobrecem um povo empreendedor capaz de grandes realizações e que acima de tudo se uniu na sua bandeira ao jogo, à ética desportiva e à convivência pacifica com outros povos.
Segunda-feira, 14 de Junho de 2004
Eleições europeias
Acabo de saber os resultados das eleições para o parlamento europeu e do que para muitos foi uma surpresa.
A vitória do PS é geral e traduz um profundo mal estar na sociedade portuguesa pela política do actual governo, especialmente a referente ao défice, mais do que qualquer problemática europeia.
Nos Açores o resultado seguiu o nacional, mas a interpretação que lhe podemos dar é substancialmente diferente. Aqui o voto não foi de censura ao Governo Regional, mas de franco e geral apoio.
A votação na coligação PSD/PP açoriana traduz a ausência de qualquer programa político credível, apresentando-se como opositora mas não como alternativa.
A CDU ficou na região Açores residual por falta de apresentar uma nova linguagem e uma nova mensagem.
Em Outubro teremos as eleições para o Parlamento Regional, em tão pouco tempo será possível qualquer alteração significativa a este mapa eleitoral agora desenhado?
Quinta-feira, 10 de Junho de 2004
Sousa Franco
Este ano o 10 de Junho ficou associado e bem á figura de Sousa Franco, um professor distinto, um político de fino trato e um católico convicto, numa palavra um homem bom.
Sousa Franco morreu em campanha eleitoral, isso deve-nos fazer pensar que os políticos são homens e mulheres e não superes qualquer coisa, como é a imagem que os medias transmitem. Os politicos são humanos e como tal eles mentem, riem, cantam, comem, amam e choram como qualquer um de nós.
A política é um serviço à comunidade feito na maioria dos casos com sacrifícios pessoais e familiares enormes onde na maioria dos casos o poder se une à realização de determinados objectivos pessoais em que se acredita para o bem comum.
Sousa Franco uniu num sentimento de humanidade a política portuguesa para alem de tudo o que fez por este país, pensar neste grande homem no 10 de Junho é pensar no verdadeiro Portugal que bate no coração do povo português.
Segunda-feira, 7 de Junho de 2004
O dia D
Devíamos ter perdido um pouco de tempo para meditarmos nos milhares de homens que deram a sua vida por um ideal de liberdade e democracia nas praias da Normandia e que permitiram o nosso estilo de vida actual.
Passaram-se sessenta anos e caminhamos rapidamente para o seu esquecimento, como o estamos a fazer relativamente a tantos outros momentos fundamentais da nossa vivência social e histórica contemporânea.
Num estilo de vida onde se referencia o fácil, o fútil e o menor e entre os jovens os ideias são o sucesso e o dinheiro, lembrar o dia D é uma violência de que muitos me deverão condenar, mas paciência os meus ideais foram aqueles.
Sexta-feira, 4 de Junho de 2004
A visita da Secretária
Como já tinha acontecido anteriormente, de novo tivemos uma visita do Governo da Republica na pessoa da Secretária do Estado da Habitação a várias Câmaras de S. Miguel da mesma configuração partidária.
Trata-se de mais uma violação constitucional grosseira, pois a dita senhora não tem qualquer jurisdição político sobre a região, com o agravante de por pressão partidária não ter solicitado qualquer visita de trabalho ou apenas de cortesia ao seu homologo do Governo Regional.
A Constituição da Republica reconhece para cada RA um Governo e uma Assembleia Legislativa Regional com capacidade legislativa própria, e a partir da ultima Revisão Constitucional esta foi ampliada para num futuro, o único traço de ligação entre os Orgãos de Soberania da Republica e a Região ser dado pelo Representante do Presidente da Republica na RA.
É perante tal quadro que é verdadeiramente confrangedor ver os actuais dirigentes do PSD Regional, numa tal atitude de subserviência anti-autonomica, apenas levados pelo interesse partidário imediato, quando há poucos anos, mesmo estando no poder, não aceitariam tais situações de bom grado se a visita fosse do seu partido e nunca dum partido da oposição.
Terça-feira, 1 de Junho de 2004
Crianças
Depois de termos assistido à triste novela da Casa Pia, onde todos somos responsáveis e todos assobiamos para o lado acusando sempre o vizinho, estamos hoje de novo no dia internacional da criança.
Os perigos sobre elas não estão hoje mais reduzidos, porque a sociedade não mudou, mas agora estamos mais despertos para esta cruel realidade, saibamos então todos: familias, instituições de solidariedade e o estado serem verdadeiros responsáveis pelas nossas crianças.
Sem elas deixamos de ter razão para continuarmos.
Um viva às crianças no seu dia internacional.